terça-feira, 27 de novembro de 2012

Devaneio

Ser bom em poesia e não ganhar o concurso
Bom artista e ganhar a vida em outro trabalho
Querer dançar, porém, está machucado
Então canta, mas mal
 
Sou um instrumento desafinado
 
Minha mania do eu na escrita
Que abraça vós, e eles
Se com chacoalhões o espírito da carne 

se desprendesse 

Há palavra engasgada
Rasga alma
E amarga os versos
Doce poesia que me alimenta
E ao passar pela garganta, machuca
 
Como cantar todas as vozes?
Elas brotam de dentro e gritam
No modo instinto me emociono e me assusto
 
Sou um instrumento descontrolado pelo governo
Governado no descontrole
Controlado no que é falho
 
Pípulas da normalidade nocivas
a sensibilidade dos sentidos gozados
 
Como dançar muitos corpos?
Eles saltam, são assaltados
Assasinato ou/e suícidio
 
Quando os passarinhos cantam
Nasce alguns tons a mais em mim
 
O som do mar
Me traz o mistério e sabedoria
E o das máquinas
Me desperta, e me perturba
 
Quando eu danço com árvores
o que tem que mergulhar pra terra, vai
Como também 
vai para o céu se precisar, voa
O que ficar
Se contenta
Que é o bem, mesmo que duro
Porque veio para alertar
Se concentra
 
Porque a crueldade da vida
é bela, mas também causa repulsa
O ideal sempre é omisso e enganoso
O perfeito sempre visto de perto
é desafiador e teimoso
 
Mas a beleza,
Ah... a beleza
 
Sempre encontra formas de se alegrar
Mesmo que essas sejam 
distorcidas ou/e incompreendidas
Quando sentidas sacia a fome
da alma
 
Sentir amor cada segundo
invadindo poro por poro
Abastecendo célula por célula de energia
é vida boa, Mesmo que dor
Se doa pra vida.

Poema Íntimo

Querem prender os meus cabelos
E fazer mal para meu corpo

Se se sentir mau, ou mau senti-lo
para eu fugir de mim mesmo
E malhar os músculos e matar os neorônios
Para não pensar em todo descaso
Com o caos no mundo


Me caso com os livros
E os traio com meus versos
Minhas palavras presas na carne
Solta em poemas
Porque não tenho amor
Que as solte com a língua.
 
Mudo: de mudança e de sonoridade
Acham-me tranquilo, calmo
Personagem que não entenderiam
Sou eu dentro: grato pela dor
Que transformo em festa
E faço rock in roll
 
A planta dos meu pés
Procura o chão
A raiz da árvore
Há só concreto
E teto
 
Vivo na luz
dos raios

do Sol, da Lua 
das Trevas
 
Vivo
Na morte da vida
 
Vivo na mente
De quem não me entende
 
E subo, morro, céu
A dentro de mim
Que descubro ser eu
Com o próximo
Que não se acha
 
Quem se acha?
Logo morre

Ruídos em Apuração




Jornalismo 
Enganado e enganoso

Jornalista
Barato pra horror
Da humanidade

Morte é uma benção
Genocídio é festa
Nos jornais escorrem sangue
Vinho para os escravos 
Do intelecto roubado

Sem faro
Sem trato
mas, uma estampa bonita

Palavras famintas
De apuração

Profundidade rasa
é objetividade

Que dó, que dor
tantas informações equivocadas
Por falsos profetas

Entre linhas
Entre os dedos
Entre as fontes
Há a embriaguez das palavras
E com elas a ilusão

Improvisação de juízo
Opiniões fast-food
A mentira da isenção

Um furo enaltece um ego
e destrói outros
E isso é trabalho, e isso
Mata a fome

mas, o estômago ronca
De valores éticos

Que estrutura sensível
Alimentada por café, cigarros e
Comida industrializada

Quanta insensibilidade
Quantos perfis

No buraco negro 
Da Nova Mídia

O virtual 
É a realidade
Corpos ansiosos: mimetismo
Uma hora é eternidade


Quantos profissionais moribundos
Em grandes veículos cheio de vida

Energia canalizada para
Alienar

Gravatas alinhadas
Para enforcar

Computadores
a disparar, disseminar
Notícias bomba e bunda
Efeito catastrófico 
A retardar

Nesse mar das redações 
Poluído e agitado
Focas, não se amedrontem
Com tubarões.
Nadem até as estrelas

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Trago


Em meu peito
Toda a insegurança
Do ar tóxico e do ar puro

Trago a fumaça
Em meus pulmões e em meu corpo todo
Porque com saúde posso alcançar
E com fraqueza me lamentar
E se, inteligente, me reerguer

Por que a vida não espera
E tenho pressa
Por não saber o próximo passo
Trago, pois em mim só a dor
E tenho medo de perder
O pouco de paz que há em meu ser
Hora amigo, hora inimigo

Trago, pois sou o reflexo da poluição
Que a sociedade causa
Porque gosto do escuro
E choro lágrimas de alguém violado

Trago porque sou jovem
E há gozo reprimido 
Tanto próprio quanto do próximo
E pouco entendo do caos que sinto
Não sei transformar isso em positivo
O pior é que sei

Retardado ei de ser
Está tudo errado!

E agora... Trago certo
Que é parar de tragar
E trazer. Ofertar!
Ao modo saudável de

Dançar a vida!

Louvar o eu
Artista que trago em mim
De dentro pra fora
Canta doce rasgado
E encanta
Com minha fortaleza
Resguardada

NuARte


Olhos translúcidos de...
Amy Winehouse 
Corpo e Alma
Num jogo perdido
Droga nosso amor

Toque a abstração 
e veja
A fragilidade do coração

Entrega-se

Conhecer o céu e inferno
Do obscuro íntimo
Terra absorver  pudor
Curta embriaguez do sexo

Show da vida sem ensaios
No palco despreparado
Lágrimas, suor, vodka

Entrega-se

A dança desconcertante
Sem música que tanto procura
Performance em plano baixo  
Decadência com orgulho
da loucura que é a liberdade
E a falta de liberdade

Lucidez e vício
Tudo em mim é redemoinho
Torno-me furacão
Num suspiro

Fracasso e sucesso amigos
Moram numa casa destelhada

Nunca amarre minhas asas
Tanto machucadas!
Mas ainda funcionam e as deixo livres.





segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Desejo

Qual o gosto da dor!?! Creio ser doce! Ficar à contemplar-me na confusão do diálogo interno. Sua corajosa fraqueza, energia teimosa que não me da seu corpo, somente palavras. E não me canso delas. Que constroem... nossa história que se dispersa com o vento lá fora. No entanto, dentro, queima fogo vermelho sangue. Paixão de alma e carne, perfume vida. Queria que as salamandras que dançam em mim dançasse em ti também. No coração e no sexo, tanto ardor... Toma um banho de chuva e vem me sentir com seus sentidos descobertos de véus. Queria tanto gozar contigo.

Sensualidade

O que é a sensualidade, se não a naturalidade do ser. Como ser sexy, perguntam-se os miseráveis, vítimas do capitalismo exacerbado que destrói o natural. E encontram respostas nas lojas, nas compras, nas vozes mentirosas dos atendentes que precisam vender para se sentir útil, e pagar suas contas, e também, é claro, se sentir sexy. Bando de bosta, são todos esses infelizes, que sorriem, para se sen
tir feliz. Tristemente feliz... felicidade mentirosa. Porque a felicidade real incomoda as pessoas. A espontaneidade incomoda as pessoas. é preciso ser condicionado. Essa é a condição de ser sexy. Sabe porque a sensualidade hoje em dia é ser condicionado? Porque é muito mais difícil ser você mesmo. Ser sincero consigo mesmo. Muito mais fácil é seguir o padrão.